Oração

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Lectio Divina

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Regra de Santo Agostinho


Regra de Santo Agostinho (versão para impressão) INTRODUÇÃO 01. Antes de tudo, caríssimos irmãos, amemos Deus e depois ao próximo, porque estes são os principais mandamentos que nos foram dados. 02. Eis aqui o que mandamos que observem vocês que vivem em comunidade. CAPÍTULO I: O IDEAL FUNDAMENTAL: AMOR E COMUNIDADE 03. Em primeiro lugar - já com este fim vocês se congregaram em comunidade - vivam unânimes em casa e tenham uma só alma e um só coração orientados para Deus. 04.E não possam nada como próprio, mas tenham tudo em comum, e que o Superior distribua a cada um de vocês o alimento e a roupa, não igualmente a todos, pois nem todos são da mesma compleição, mas a cada qual segundo o necessitar; conforme o que podem ler nos Atos dos Apóstolos: "Tinham todas as coisas em comum e se repartia a cada um segundo a sua necessidade". 05. Os que tinham algo na sociedade quando entraram para a casa religiosa, coloquem de bom grado à disposição d comunidade. 06. E os que nada possuíam, não busquem na sua casa religiosa aquilo que fora dela não puderam possuir. No entanto, conceda-se à sua debilidade o quanto for necessário, ainda que sua pobreza, quando for necessário, ainda que sem sua pobreza, quando estavam na sociedade , não lhes fosse possível dispor nem mesmo do necessário. Mas por isso se considerem felizes por haverem encontrado o alimento e a roupa que não podiam possuir enquanto estavam fora. 07. Nem se orgulhem por ver-se associados àqueles aos quais fora nem se atreviam a aproximar-se; pelo contrário, elevem seu coração e não busquem as vaidades terrenas e não aconteça que as comunidades comecem a ser úteis para os ricos e não para os pobres, se nela os ricos se fazem humildes e os pobres altivos. 08. E aqueles que eram considerados algo diante da sociedade, não se atrevam a desprezar a seus irmãos que vieram à santa sociedade sendo pobres. Pelo contrário, devem se gloriar muito mais pela comunidade dos irmãos pobres que da condição de seus pais ricos. Nem se vangloriem por ter trazido alguns de seus bens à vida comum, nem se ensoberbeçam ainda mais por suas riquezas por havê-las compartilhado com a comunidade de que se as desfrutassem na sociedade. Pois, acontece que outros vícios levam a executar más ações; a soberba, entretanto, se insinua até nas boas ações para que pereçam. E de que adianta distribuis as riquezas aos pobres e fazer-se pobre se a alma se torna mais soberba desprezando as riquezas do que possuindo-as? 09. Vivam todos, pois, em união de alma e coração , e honrem a Deus uns nos outros, do qual vocês foram feitos templos vivos . CAPÍTULO II: ORAÇÃO E COMUNIDADE 10. Perseverem nas orações fixadas para as horas e tempos de cada dia. 11. No oratório ninguém faça senão aquilo para o qual foi destinado, daí de onde vem o nome; para que se por acaso houver alguns que, tendo tempo, quiserem orar fora das horas estabelecidas, não sejam impedidos por aquele que ali queira fazer outra coisa. 12. Quando orarem a Deus com salmos e hinos, que o coração sinta aquilo que profere a voz. 13. E não desejem cantar senão aquilo que está mandado que se cante; porém, o que não está escrito para ser cantado, que não se cante. CAPÍTULO III: COMUNIDADE E CUIDADO DO CORPO 14. Submetam sua carne com jejuns e abstinências no comer e no beber, conforme a saúde o permitir. No entanto, quando alguém não puder jejuar, nem por isso tome alimentos fora de hora da refeição, a não ser que se encontre enfermo. 15. Desde que se sentarem à mesa até se levantarem escutem sem ruído nem discussões aquilo que segundo o costume, lhes for lido; para que não apenas a boca receba o alimento, mas também o ouvido sinta fome da palavra de Deus . 16. Se os fracos, em razão de seu modo anterior de viver, são tratados de maneira diferente quanto à comida, isso não deve incomodar os outros, nem parecer injusto àqueles aos quais outros costumes fizeram-nos mais fortes. E estes não considerem aqueles mais felizes, porque recebem o que não lhes é concedido, mas, antes, devem se alegrar, porque podem suportar o que os mais fracos não podem. 17. E se àqueles que vieram à casa religiosa de uma vida mais privilegiada for-lhes concedido algum alimento, roupa, agasalho ou cobertor, que não é dado aos outros mais fortes e portanto mais felizes, estes que não o recebem, devem pensar o quanto desceram aqueles de sua vida anterior na sociedade até esta vida, ainda que não tenham conseguido chegar à frugalidade dos que têm uma constituição mais vigorosa. Nem devem querer tudo o que vêem receber a mais alguns poucos, não como honra, senão como tolerância; não aconteça a detestável perversidade de que na casa religiosa, onde na medida em que possam se tornam mortificados os ricos e se convertam em privilegiados os pobres. 18. Da mesma forma, assim como os enfermos necessitam comer menos para que não se agravem, assim também depois da enfermidade devem ser cuidados de tal forma que se restabeleçam logo, mesmo quando tenham vindo da sociedade de uma humilde pobreza; como se a enfermidade recente lhes concedesse o mesmo que aos ricos em seu antigo modo de viver. Porém, uma vez reparadas as forças, voltem à sua feliz norma de vida, tanto mais adequada aos servos de Deus quanto menos necessitarem. E que o prazer não os retenha, estando já sadios ali onde os colocou a necessidade, quando se encontram enfermos. Assim, pois, considerem-se mais afortunados aqueles que são mais fortes em suportar a frugalidade; porque é melhor necessitar menos que ter muito. CAPÍTULO IV: RESPONSABILIDADE MÚTUA 19. Não procurem chamar a atenção pela forma de andar, nem agradar pelas roupas, mas sim pela conduta. 20. Quando saírem de casa, vão juntos; quando chegarem ao lugar para onde se dirigem, permaneçam juntos. 21. No andar, no estar parados e em todos os seus movimentos, não façam nada que incomode àqueles que os vêem, mas aquilo que está de acordo com a consagração de vocês. 22. Ainda que seus olhos se encontrem com alguma mulher, não os detenham em nenhuma. Porque não lhes é proibido ver mulheres quando saírem de casa; o que é pecado é desejá-las ou querer ser desejados por elas . Pois não apenas com o toque e o afeto, mas também com o olhar se provoca e nos provoca desejo das mulheres. Não digam que têm a alma pura se os olhos são impuros, pois o olhar impuro é indício do coração impuro. E quando, mesmo sem nada dizer, os corações denunciam sua impureza com olhares mútuos e, cedendo ao desejo da carne, se deleitam com ardor recíproco, a castidade desaparece dos costumes, mesmo que os corpos permaneçam livres da violação impura. 23. Assim também, o que fixa o olhar numa mulher e se deleita em ser olhado por ela não deve supor que não é visto por ninguém quando faz isto; certamente que é visto e por aqueles que ele nem imagina que possam ver. Porém, mesmo que permaneça oculto e não seja visto por ninguém, que dirá d’Aquele que conhece o coração de cada pessoa e a quem nada se pode ocultar? Ou se pode crer que não vê porque o faz com tanto maior paciência quanto maior é sua sabedoria? Tema, pois o homem consagrado desagradar Aquele , para que não queira agradar pecaminosamente uma mulher. E para que não deseje olhar com malícia uma mulher, pense que o Senhor tudo vê. Pois é por isto que se nos recomenda o temor, segundo está escrito: "Abominável é diante do Senhor aquele que fixa o olhar". 24. Portanto, quando estiverem na Igreja em qualquer outro lugar onde houver mulheres, guardem-se mutuamente sua pureza; pois Deus, que habita em vocês , os guardará também, deste modo, por meio de vocês mesmos. 25. E se observarem em algum de seus irmãos esta descompostura no olhar de que lhes falei, advirtam-no logo para que não progrida o que se iniciou, mas que se corrija o quanto antes. 26. Porém, se novamente depois desta advertência ou qualquer outro dia o virem cair no mesmo erro, aquele que o surpreender denuncie-o imediatamente como uma pessoa ferida, que necessita de cura; no entanto, antes de denunciá-lo trate do assunto com outra pessoa ou também com um terceiro, para que com a palavra de dois ou três possa ser convencido e repreendido com a severidade conveniente. Não pensem que procedem com má vontade quando fazem isto. Pelo contrário, pensem que não serão inocentes se, calando, permitirem que pereçam seus irmãos, aos quais poderiam corrigir advertindo-os a tempo. Porque se seu irmão tivesse uma ferida no corpo, ocultando-o por medo da cura, não seria cruel silenciá-lo e ato de caridade manifestá-lo. Pois então, com maior razão deve-se denunciá-lo para que não se corrompa ainda mais o seu coração. 27. Porém, no caso de negá-lo, antes de expor o assunto aos que deverão tratar de convencê-lo, deve ser denunciado ao Superior, com intenção de que, corrigindo-o secretamente, possa evitar que chegue ao conhecimento de outros. No entanto, se o negar, convoquem os outros diante do que dissimula para que perante todos possa, não mais ser interrogado por uma só testemunha, mas ser convencido por dois ou três . Uma vez convencido, deve cumprir o corretivo que julgar oportuno o Superior ou presbítero, a quem pertence dirimir a causa. Se se recusar a cumpri-lo, mesmo quando ele não tome a iniciativa, seja eliminado da comunidade. Não se faz isto por espírito de crueldade, senão de misericórdia, pois não aconteça que com sua influência nociva ponha a perder outros muitos. 28. E o que foi dito com relação ao olhar, observe-se com diligência e fidelidade ao averiguar, proibir, indicar, convencer e castigar os demais pecados, procedendo sempre com amor para com as pessoas e ódio para com os vícios. 29. E agora, se alguém houver progredido tanto no mal, que tenha chegado a receber cartas ou algum presente de mulher, se espontaneamente o confessar, seja perdoado e ore-se por ele; porém, se for surpreendido e convencido de sua falta, seja castigado com uma maior severidade segundo o juízo do presbítero ou do Superior. CAPÍTULO V: SERVIÇO MÚTUO 30. Guardem suas roupas num lugar comum sob o cuidado de uma ou de duas pessoas ou de quantas forem necessárias para sacudi-las, a fim de que não fiquem empoeiradas. Da mesma forma como se alimentam de uma só despensa, assim também devem vestir-se de um mesmo guarda-roupa. Na medida do possível, que não sejam vocês os que decidam a respeito das roupas adequadas para usar em cada tempo, nem se cada qual deve receber o mesmo que havia usado ou o já usado por outro, contanto que não se negue a cada um o que necessitar . Porém se por causa disto surgem disputas e murmurações entre vocês, queixando-se alguém por haver recebido algo pior do que deixara, e se sentir menosprezado por não receber uma roupa semelhante à de outro irmão, julguem por aí o quanto lhes falta a santa veste do coração, quando assim ficam discutindo pela veste do corpo. Porém, se por sua fraqueza for tolerado que recebam o mesmo que deixaram, guardem, no entanto, o que usam num lugar comum, sob o cuidado dos encarregados. 31. E isto há de ser de tal modo que ninguém trabalhe em nada para si mesmo, mas que todos os seus trabalhos se realizem para o bem da comunidade, com maior cuidado e prontidão de ânimo como se cada um o fizesse para si mesmo. Porque a caridade da qual está escrito que "não busca os próprios interesses" , se entende assim: que antepõe as coisas da comunidade à próprias e não as próprias às comuns. Por conseguinte, saberão que mais adiantaram na perfeição quanto mais tenham cuidado das coisas comuns que das próprias; de tal modo, que em todas as coisas que utiliza a necessidade transitória sobressaia a caridade, que permanece. 32. De onde se segue que, se um religioso receber algum coisa de seus pais ou parentes, como uma roupa ou qualquer outra coisa considerada necessária, não a guarde ocultamente, mas entregue-a ao Superior para que, tornando-a comum, seja entregue a quem tiver necessidade . 33. Lavem a roupa segundo a norma dada pelo Superior, seja por vocês, seja pelos encarregados de lavá-las, porém não suceda que o desejo exagerado de levar a roupa limpa chegue a causar manchas na alma. 34. Não se negue tampouco o banho do corpo, quando a necessidade o aconselhar; porém, seja feito sem murmuração, seguindo a orientação do médico, de tal modo que, mesmo o enfermo não querendo, o faça por ordem do Superior aquilo que convém para a saúde. Porém, se não convém, não se atenda à mera satisfação, porque, à vezes, ainda que prejudique, se crê que é proveitoso o que agrada. 35. Por fim, se algum servo de Deus se queixar de alguma dor latente no corpo, dê-se lhe crédito sem duvidas; no entanto, se não se tiver certeza de que se deve dar o que lhe agrada para curá-lo, consulte-se então o médico. 36. Que ninguém vá aos banhos públicos ou a qualquer outro lugar onde for necessário menos de dois ou três. E aquele que precisar ir a alguma parte, não vá com quem queira, mas com quem mandar o Superior. 37. Para cuidar dos enfermos, dos convalescentes, ou daqueles que mesmo sem Ter febre, padecem alguma enfermidade, seja encarregado um irmão para que peça da despensa o que cada qual necessitar. 38. Os encarregados da despensa, das roupas ou dos livros sirvam a seus irmãos sem remuneração. 39. Que os livros sejam solicitados cada dia no horário determinado e, se alguém os pedir fora de hora, não lhes seja concedido. 40. Que os encarregados das roupas e do calçado não os neguem quando aqueles que os pedirem deles necessitam. CAPÍTULO VI: CARIDADE E CORREÇÃO FRATERNA 41. Não haja contendas entre vocês, ou se as houver, terminem-nas depressa para que a ira não chegue até o ódio e de uma palha se faça uma viga , convertendo-se a alma em homicida; pois assim se lê: "O que odeia seu irmão é homicida". 42. Aquele que ofender alguém com injúria, ultraje ou acusando-o de alguma falta, procure remediar o quanto antes o mal que provocou e aquele que foi ofendido perdoe-o logo, sem vacilar. Porém se tiverem-se ofendido mutuamente, devem se perdoar a ofensa , porque, do contrário, a sua recitação do Pai Nosso se transforma numa mentira. No mais, quanto mais frequentes forem suas orações, com tanta maior sinceridade devem fazê-las. Contudo, é muito melhor alguém que, mesmo, deixando-se levar pela ira, se apressa a pedir perdão àquela a quem ofendeu, que o outro que demora em irar-se, mas opõe mais resistência em pedir perdão. Aquele que, pelo contrário, nunca quer pedir perdão ou não o pede de coração , em vão se encontra na casa religiosa, mesmo que dali não seja expulso. Portanto, abstenham-se de proferir palavras duras em excesso e, se alguma vez, elas deslizarem, não se envergonhem de aplicar o remédio saído da mesma boca que produziu a ferida. 43. No entanto, quando a necessidade da disciplina os obriga a empregar palavras duras ao corrigir os mais novos, se perceberem que foram excedidas no modo, não lhes é exigido pedir perdão aos ofendidos, pois não aconteça que, por ter uma excessiva humildade para com aqueles que devem ser obedientes, fique debilitada a autoridade de quem governa. Pelo contrário, peça-se perdão ao Senhor de todos, que conhece benevolência com que são amados inclusive aos quais talvez foram corrigidos além da medida. O amor entre vocês não deve ser carnal, mas espiritual. CAPÍTULO VII: AMOR NA AUTORIDADE E NA OBEDIÊNCIA 44. Obedeçam ao Superior como a um pai, guardando-lhe o devido respeito para que nele não ofendam a Deus, e obedeçam ainda mais ao presbítero, que tem o cuidado de todos vocês. 45. Corresponde principalmente ao Superior fazer que sejam observadas todas estas coisas e, se alguma não o for, não se transija por negligência, mas que se procure emendar e corrigir. Será seu dever enviar ao presbítero, que tem entre vocês maior autoridade, o que exceder em sua função ou capacidade. 46. Agora, aquele que os preside, não se sinta feliz por mandar com autoridade , mas por servir com caridade . Diante de vocês, que os preceda com honra; porém, diante de Deus, que se prostre a seus pés por temor. Mostre-se a todos como exemplo de boas obras ; corrija aos inquietos, console aos tímidos, acolha os fracos, seja paciente com todos . Mantenha a disciplina com agrado e saiba infundir respeito. E mesmo que ambas as coisas sejam necessárias, procure mais ser amado por vocês que temido, pensando sempre que deve dar conta a Deus a respeito de vocês. 47. É por aí que, sobretudo obedecendo melhor, não somente se compadeçam de si mesmos , mas também dele; porque quanto mais elevado se acha entre vocês, tanto maior é o perigo de cair. CAPÍTULO VIII: EXORTAÇÕES FINAIS 48. Que Deus lhes conceda observar tudo isso movidos pela caridade, como apaixonados da beleza espiritual , e exalando em seu trato bom odor de Cristo ; não como servos sob a lei, mas como pessoas livres sob a graça. 49. E para que possam se olhar neste livrinho como num espelho e não se descuidem de nada por esquecimento , leia-se uma vez por semana. E se observarem que cumprem tudo o que está escrito, dêem graças a Deus, doador de todos os bens. Porém, se algum de vocês vê algo que lhe falta, arrependa-se do passado, previna-se para o futuro, orando para que seja perdoada sua dívida e não caia em tentação.

Terra Boa - Reflexões de Pe. Ramon: Que tipo de cristão é você?...

Terra Boa - Reflexões de Pe. Ramon: Que tipo de cristão é você?...

Padre Ramon preciso falar de mim nesta sua reflexão. Tenho muita força de vontade para viver o ministério sacerdotal diante da realidade social brasileira e da vida eclesial da paróquia que sou pároco. Sinto que bate as fraquezas e cansaço tanto físico, espiritual e psicológico. Na vida pastoral temos muitas pessoas que nos procuram para receber a eucaristia nas missas dominicais,batizar os filhos, celebrar o matrimônio dos jovens, mas sinto que muitas delas não atendem o nosso pedido de inserção na vida pastoral e na vida missionária paroquial. São rápidas para receber sacramento e lentas para receber formação doutrinal e desempenhar com mais largueza a sua vida cristã, seja qual for o estado de vida. Realizamos missão neste final de mês de outubro e por todo o mês de novembro. O resultado não é o esperado. Podemos rever nosso processo missionário e descobrir onde estamod falhando para atingir as pessoas. Há certo desisteresse pela vida cristã. Podemos nos preocupar mais com as nossas necessidades ou nossos prazeres do que testemunhar a fé de forma mais digna do evangelho. Sinto que o passar dos anos me faz ser um burocrata dos assuntos religiosos. Vou cumprindo o que precisa ser feito e exigido pela diocese, pelas pastorais, pela administração paroquial sem um avivamento. Por outro lado, celebro as missas nas casas para atender o plano missionário de nossa paróquia. Sinto que ele é como uma tábua de salvação no meio do oceano da realidade social e eclesial, pois me ajuda a ter direção, saber pescar pessoas para o retiro de evangelização e encaminha-las para catequese semanal que acontece nas casas. Temos um roteiro e material de formação doutrinal e social por 8 anos, que consiste em videos gravados por padres e livros de formação biblica e catequetica. As pessoas são convidadas para ingressarem neste plano missionário mas poucas são as que verdadeiramente dão uma resposta. Há testemunhos maravilhosos de conversão que me anima. Também peço a Deus a graça da conversão e que possa apresentar a ele uma vida sacerdotal cercada de boas obras e que ele tenha misericórdia de minhas fraquezas. Quero que minha vida seja: "Em tudo amar e servir" e serivir com alegria. Um abraço Padre Ramon e muita paz.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Irmã Gebara e a Teologia Feminista

Encontrei este artigo através do blogger do Bispo Antonio Carlos Rossi que disse: Não consegui encontrar um título.... Apresento para a consideração e o conhecimento dos católicos em geral, a entrevista da religiosa Ivone Gebara. Para o conhecimento de parte do universo do pensamento que hoje se faz presente em algumas realidades da Igreja. A entrevista está publicada nas "notícias" da Unisinos, que é uma Universidade de responsabilidade dos jesuítas do RS... Uma clara opção pelos direitos das mulheres. Entrevista com Ivone Gebara Seu sobrenome ecoa a revolução na América Latina. Ivone Gebara (foto) é brasileira, freira e feminista. Pertence à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho - e há décadas vive no Nordeste do Brasil, numa vida de “inclusão” no meio popular. Atualmente reside em Camaragibe, na periferia de Recife. De dentro da Igreja procura mudá-la. Dedica-se, fundamentalmente a partir de uma teologia feminista, desconstruir o direito natural, patriarcal e machista que a hierarquia católica pretende impor. Devido as suas posições, especialmente em favor da despenalização e legalização do aborto, recebeu severos castigos impostos pelo Vaticano. Porém, Ivone não se cala. Ela nasceu em 1944. É doutora em Filosofia pela Universidade Católica de São Paulo e em Ciências Religiosas pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Durante 17 anos, lecionou no Instituto de Teologia de Recife, até a sua dissolução ordenada pelo Vaticano, em 1999, como uma forma de silenciá-la. Desde então, dedica o seu tempo, principalmente, para escrever, dar cursos e conferências sobre a hermenêutica feminista, novas referências antropológicas e a ética e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso. É autora de mais de 30 livros e de dezenas de artigos e ensaios, entre eles: “Trindade: palavra sobre coisas velhas e novas. Uma perspectiva ecofeminista” (1994), “Teologia ecofeminista: ensaio para repensar o conhecimento e a religião” (1997), “Rompendo o silêncio: uma fenomenologia feminista do mal” (2000), “Mulheres de mobilidade escravas: as mulheres do nordeste, uma vida melhor e feminismo” (2000), “As águas do meu poço. Reflexões sobre experiências de liberdade” (2005); “O que é teologia?” (2006), “O que é teologia feminista?” (2007), “O que é cristianismo?” (2008) e “Compartilhar os pães e os peixes. O cristianismo, a teologia e teologia feminista” (2008). A entrevista é de Mariana Carbajal, publicada no jornal Página/12, 23-07-2012. A tradução é do Cepat. Eis a entrevista. Por que quis ser freira? É uma longa história. Eu sempre havia estudado em colégio de freiras, mas nunca tinha desejado ser freira. Porém, de repente, nos anos 1960, entrei na universidade para estudar filosofia e me encontrei com algumas freiras que estavam bastante vinculadas politicamente e que trabalhavam com populações pobres, e comecei a pensar isso para mim como uma alternativa de vida. Não tinha isso muito claro, mas parecia uma vida mais livre do que a vida familiar e com parceiro. Soa estranho que tenho ido para um convento em busca de liberdade... É que nunca me senti cerceada. Algumas vezes ia para conferências na Universidade de São Paulo, que era um foco de luta antiditadura, e tinha a chave da casa das freiras. Minha história foi a de busca por liberdade. Não suporto que me impeçam de pensar. É um direito pensar diferente. E isso tem sido a chave de minha vida, com todos os tropeços e as contradições, porque as vezes não se enxerga claro, e se trilha um caminho e depois não é por ali. Realmente soa contraditório que uma mulher busque liberdade dentro de uma estrutura patriarcal, machista e conservadora como a Igreja Católica. Como você entende isto? Sim, bastante contraditório. Entrei na vida religiosa em 1967, quando tinha 22 anos. Era o momento das grandes mudanças da Igreja Católica, exatamente depois do Concílio Vaticano II. As congregações religiosas eram convidadas a “aggiornarse” [atualizar-se]. Foi o tempo em que deixamos as instituições para viver entre os pobres. E essa tem sido uma característica da vida das mulheres: sair das instituições e viver nas comunidades populares. Para mim era uma vida cheia de desafios. Queria mudar o mundo desde quando era estudante. Sempre me pareceu uma injustiça que houvesse gente tão rica e gente tão pobre. Pensava que algo poderia ser feito. A vida das freiras me pareceu “um” caminho, não “o” caminho, que se ajustava um pouco com a minha tradição familiar, onde era muito protegida e resguardada. Sua família era muito religiosa? Não. Venho de uma família de imigrantes sírio-libaneses, com todos os medos que os imigrantes possuem, sobretudo, com as meninas, levando-os a não permitir que elas saiam sozinhas. Sou filha da primeira geração no Brasil. Lutei muito para frequentar a universidade. Meus pais não queriam. Não pelo fato de não quererem que eu estudasse, mas porque pensavam que o mundo podia ser perigoso para mim. Essas coisas nunca me entraram. Sempre fui rebelde. Sempre fui uma brigona dentro das estruturas familiares. Com esse espírito tão rebelde, não se sentiu limitada no convento? Não posso dizer que não tinham coisas que me limitavam. Claro, houve, como em todas as formas de vida. Contudo, uma característica em minha congregação é a de que é preciso respeitar a liberdade das pessoas. Isto é muito forte. E, às vezes, chega a ser bastante contraditório. Qual é a sua congregação? Irmãs de Nossa Senhora, uma congregação de origem francesa, apenas de mulheres. Estamos em muitos países: França, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Vietnã, Hong Kong e na América Latina, no Brasil e México. Como é o vínculo das congregações de mulheres com o Vaticano? Oficialmente há um vínculo de dependência, no sentido de que a organização das congregações é aprovada pelo Vaticano. Algumas mulheres tem se submetido, mas nós procuramos fazer o que acreditávamos que era nossa interpretação do Evangelho. Sempre brigamos, inclusive com o Vaticano, discutindo nossos textos. Sua congregação é feminista? Não. Há pouquíssimas freiras feministas na congregação. Não sei se posso nomear, comigo, mais que quatro. Como começou a incorporar a consciência de gênero? Eu pertencia à Teologia da Libertação. Sempre trabalhei na perspectiva da libertação dos pobres, dos movimentos sociais e políticos. O foco era mudar o mundo a partir dos pobres. Eu sabia que existia o feminismo, conhecia algo do feminismo norte-americano, brasileiro e argentino. Porém, na Teologia da Libertação, sobretudo os homens mais eminentes, diziam que o feminismo era coisa da América do Norte, que o feminismo na América Latina era importado. Como militante da Teologia da Libertação, trabalhava no Instituto de Teologia de Recife, dando palestras. Sempre existia uma desconfiança em relação ao feminismo. Até que meu caminho e o do feminismo se cruzaram de muitas formas. Uma primeira delas foi com uma mulher de um bairro popular, local em que eu ia dar aulas para homens operários sobre a Bíblia. Eu ia uma vez por mês na casa de um deles, onde se reuniam de oito a dez operários. Estudávamos a Bíblia numa perspectiva social, para fundamentar as greves, as reivindicações trabalhistas. Eu sempre fazia a leitura da Bíblia que confirmava os direitos dos trabalhadores. A esposa do dono da casa nunca participava das conversas, ficava na cozinha ou nos trazia café. Até que um dia fui visitar apenas ela e lhe perguntei por que não participava das nossas conversas. Ela me disse que precisava cuidar de suas crianças, que tinha que fazer o café. Discutimos. Até que, quase irritada, disse-me: “Quer saber o motivo pelo qual não vou? Porque você fala como um homem”. Eu tentei defender-me. Ela me perguntou: “Você conhece os problemas econômicos que nós, mulheres de operários, temos?” Não. “Você sabia que a sexta-feira é o pior dia para nós, porque o salário do trabalhador sai no sábado e na sexta quase não há comida?” Não, eu dizia. “Você sabe o tipo de trabalho que fazemos para aproveitar o salário do esposo?” Não. “Você sabe as dificuldades sexuais que temos com nossos esposos?” Não. “Entende porque não quero participar de suas conversas, porque não fala a partir de nós”, disse-me. Essa mulher me abriu os olhos. Eu não me dava conta de que abria os olhos para minha condição de mulher na Igreja. E como chegou ao feminismo? Comecei a ler as teólogas feministas norte-americanas como Mary Daly. Li sua obra “Para além do Deus Pai”. Quase morri porque ela criticava quase tudo o que eu acreditava. Tomava-me as entranhas, comecei a pensar... Li Dorothe Sölle, uma alemã que falava da cumplicidade das Igrejas cristãs com o nazismo e da relação entre a figura de Deus pai e o general. Assim que entrei no convento, tinha vivido de perto a repressão. Ensinava filosofia numa escola pública e eram tempos de ditadura militar. Fui detida junto com uma de minhas amigas, que era professora de química, mas às duas da manhã, a polícia me deixou sair e ela ficou detida. Minha amiga pertencia a um grupo político. Eles a torturaram e, finalmente, quando ela saiu, ao ver aos torturadores na rua, acabou adoecendo e morreu. Esse artigo sobre o nazismo abriu-me as portas para pensar a ditadura do Brasil e, também, como a religião se misturava em tudo isso. As manifestações nas praças públicas, da “Tradição, Família e Propriedade”, com rosários nas mãos – não sei se aqui (na Argentina) também fizeram isso – para defender as pessoas do comunismo e apoiar aos militares. Também lia muitas norte-americanas. Isso começou a me iluminar. A chave foi que um dia encontrei-me com duas feministas, em São Paulo, e uma delas me disse: “Vocês trabalham teologia, mas quais são os conteúdos?” Sobre Jesus Cristo e outras coisas, disse-lhe. E ela me perguntou que mudança isso provocava na vida das mulheres, se eu trabalhava a questão da sexualidade, se havia enfrentado o tema do aborto. “Não”, disse-lhe. E me dei conta de que não conhecia nada das mulheres. Esse foi o começo. Aproximei-me de grupos feministas de Recife, como o “SOS corpo, democracia e cidadania”. Decidimos programar três encontros entre feministas liberais e teólogas, em Recife, São Paulo e Rio. A partir desse momento, fiz minha opção pelo feminismo, por volta de 1992. O que a levou a se envolver com a defesa da despenalização do aborto, um dos pecados mais graves para a Igreja Católica? Foram muitas eventualidades. As grandes mudanças em minha vida vieram por acaso. Eu apoiava a causa por saber de mulheres que tinham feito abortos em meu bairro e também entre as feministas. Apoiava como pessoa, mas não tinha as coisas muito claras. Até que um dia uma das feministas de São Paulo me telefona, em Recife, e pergunta se eu podia conceder uma entrevista para a revista “Veja” sobre a Igreja Católica e a formação de padres, e eu aceitei. Dei a entrevista. Ao final, o jornalista me pergunta, em “off the record” [privadamente], se eu conhecia casos de mulheres que tinham realizado abortos. Justamente naquele momento, tinha ocorrido o fato de que uma menina, que eu conhecia do bairro, que já tinha cinco filhos e havia se apaixonado por um homem que trabalhava numa estação de serviço, voltou a ficar grávida após passarem uma noite juntos. Ela tinha problemas mentais e tinha feito o aborto com misoprostol. Comentei com ele. Nesse caso, o jornalista me disse que não existia pecado. Eu digo: “Claro, não é um pecado”. Então, rompendo o “off the record” [confidência], o jornalista publica a entrevista na revista dizendo que uma freira católica era contra a hipocrisia da Igreja e a favor do aborto. O fato incomodou-me. Era a primeira vez que você se manifestava publicamente a favor do aborto? Sim. Foi uma bagunça total. O assunto repercutiu na imprensa nacional e internacional. Publicaram uma foto minha, com um crucifixo e a Virgem, para fazer sensacionalismo com o assunto. Isso foi em 1994 ou 1995. O bispo de minha diocese me pediu uma retratação pública. Eu não aceitei. Disse-lhe que sabia das dores das mulheres. De imediato veio-me uma grande coragem. Porém, chegou até a mim uma segunda carta, outra vez pedindo uma retratação pública, queriam que eu acusasse o jornalista de mentiroso. Neguei-me. Na terceira carta me avisaram que enviariam um parecer ao Vaticano, para abrir um processo contra mim. O Vaticano reagiu e tive que fazer muitas coisas. Qual foi o castigo? Primeiro, quiseram me tirar da minha congregação. Entretanto, não conseguiram porque as autoridades de minha congregação não apoiavam o aborto, mas me apoiavam. Propuseram-me outra alternativa: sair do Brasil e voltar a fazer estudos de teologia. Eu já tinha uma licenciatura e um doutorado em filosofia. Obrigaram-me a estudar novamente. Na carta do Vaticano, diziam que eu era uma pessoa muito ingênua, que não havia me fundamentado a partir dos pontos que a Igreja negava, e por minha ingenuidade me mandavam para estudar, para aprender novamente a doutrina católica. Queriam que eu fosse para Europa. Como eu já tinha estudado na Bélgica, decidimos que fosse lá. As pessoas têm sido muito boas comigo. Não tive nenhum problema. Fiz outro doutorado. A contradição é essa: você é condenada e depois até se esquecem de que foi condenada e dão-lhe um doutorado em nome do papa João Paulo II. É quase engraçado. Com quais argumentos defende a despenalização do aborto numa estrutura como a da Igreja Católica, que condena tão duramente essa prática, inclusive, quando se trata de uma gravidez produto de um estupro ou quando a vida da mulher corre risco? Nem em caso de fetos anencéfalos a Igreja o permite. É algo espantoso. Existe uma forma de fazer teologia metafísica que naturaliza a maternidade, que a torna dependente de um ser supra-histórico. Eu faço a desconstrução desse tipo de pensamento. Em minha militância pela causa das mulheres, não somente do aborto, trabalho na teologia feminista. E eles não aceitam. Eu também sofri um segundo processo por meu pensamento. Tive que responder três páginas de perguntas: se acredito na Trindade, se acredito que o Papa é infalível, coisas desse tipo. O que faço é a desconstrução do discurso religioso justificador da superioridade masculina. Justificador, também, da concepção de que existe uma supra-história que nos conduz. Desconstruo o que é a natureza. Inclusive, um bispo justifica que se deve levar adiante uma gravidez de um feto anencéfalo porque Deus quer assim, o que é de um primitivismo até chocante. Uma pessoa mais simples não diz um absurdo como esse. Meu trabalho é desconstruir isso e também a Bíblia como a palavra de Deus. Eu digo: não é a palavra, é uma palavra humana, onde se coloca uma pessoa pela qual lhe é atribuído, dependendo dos textos, uma característica. Algumas vezes Deus é vingador, às vezes é bom, às vezes manda matar profetas. Procuro entrar pela linha do humanismo, onde a dor do outro me toca, provoca-me. Deus é mais um verbo. Quero “deusar”, quero sentir sua dor e quero que sinta minha dor. Não há uma lei do alto que diga “não faça abortos” ou “não mates”. O fato é que de muitas maneiras nos matamos, inclusive, afirmando que não mate. A vida social é uma vida de vida e morte. Meu principal trabalho é a desconstrução do pensamento, da filosofia, da teologia que mantém estas posições contra as escolhas das mulheres, contra os corpos femininos, contra as dores femininas. E isto incomoda muito, porque eles dizem que, segundo Santo Tomás, a alma masculina vem primeira, para novamente demonstrar a superioridade masculina, ou sustentam que a partir do início da união do óvulo e o espermatozoide, a alma está criada por Deus. E agora adotam a ciência do DNA para justificar suas posições. O que responde para essas argumentações? Digo coisas muito simples. O óvulo é uma possibilidade de se tornar um ser humano, mas para poder se tornar um ser humano, necessita de sociabilidade, de vida. A Igreja valoriza muito mais a vida do feto do que a das mulheres e, então, minha pergunta é por que a vida das mulheres tem menos valor. Falam da inocência. E eu digo: “O que é a inocência? Por que se fala da inocência do feto e não da inocência da mulher que foi estuprada?” Não são argumentos que convencem a todas as mulheres católicas, mas se posso fazer um processo de formação, existem luzes que se acendem. Algumas vezes me dizem: “Aquele do alto quer isto”. E eu digo: “Esse daqui, você, tem que decidir”. O que faço é sempre trazer a responsabilidade não para o sacerdote, o bispo, Deus, a Virgem. Eu digo: “Quem decide é você”. Também faço a reconstrução de algumas coisas do cristianismo. O cristianismo fala da encarnação. Eles acreditam que apenas Jesus encarna. Não é assim. Há muitas correntes. O divino está em carne humana. Também aí argumento. E digo para as mulheres que é preciso mudar essa crença. O divino habita em cada uma. É por aí, um pouco, que faço a reconstrução da teologia e das filosofias que mantém esta postura. E na sua congregação, você é apoiada? Apoiam-me como pessoa. Fazemos uma distinção. Eu estou muito presente quando necessitam de mim, caso alguém esteja enferma, quando me pedem um texto para um retiro, para algumas anciãs. Também em meu bairro, no Recife, com a gente simples que vem me dizer que fez uma promessa. Eu escuto. Contudo, também tenho o outro lado, o intelectual, de “des-construtora” das teorias dominadoras das pessoas, não apenas das mulheres, dominam também os pobres. Sinto pena em ver a quantidade de igrejas neopentecostais, na televisão, que tomam o dinheiro das pessoas para fazer milagres e tirar o diabo das pessoas: isso não é religião, é mercado, negócio. Por que vozes como a sua são tão isoladas dentro da Igreja Católica? É que não nos dão nenhum espaço. O Vaticano fechou o Instituto de Teologia de Recife, onde eu trabalhava, porque diziam que éramos comunistas e não era uma instituição séria para a formação do clero. Depois do fechamento, e por defender a legalização do aborto, não tenho lugar na instituição como professora, embora com dois títulos de doutorado, com mais de 30 livros publicados e muitíssimos artigos, porque causo preocupação. E também existe outro problema que é muito sério: muito menos temos lugar nas paróquias, nos lugares onde as pessoas estão. Perto de minha casa, existe um convento de freiras de clausura e elas me convidavam para que fosse falar, para contar como as coisas estavam lá fora, e o bispo – não o atual, o anterior – telefonou para elas e disse que eu era uma mulher muito perigosa, que não me convidassem mais. Os espaços de reprodução deste pensamento são absolutamente escassos. Tem pensado em sair da Igreja? Não. Por coerência com certo feminismo e com o cristianismo. Porque sair significa também desvincular-se das mulheres, as que mais sofrem, todas são crentes. Acredito que as feministas não têm trabalhado suficientemente as cadeias religiosas dos meios populares, que são cadeias que consolam e oprimem ao mesmo tempo. Não se pode ser feminista ignorando a pertença religiosa das mulheres; se elas não são católicas, são da Assembleia de Deus ou da Igreja Universal, ou do candomblé ou do espiritismo. E em cada um destes lugares há uma dominação dos corpos femininos. A religião é um componente importantíssimo na construção da cultura latino-americana, a tal ponto que aqui, na Argentina, a ligação entre Igreja e Estado é muito forte. No Brasil, oficialmente, temos a separação, mas na cultura não. A presidenta Dilma tem sido tão pressionada, na cultura, que já não diz mais sua posição a favor da despenalização do aborto. Retratou-se. É necessário mudar a Igreja a partir de dentro.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Como escrever um bom artigo


fonte http://www.kanitz.com/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp Como escrever um bom artigo Escrever um bom artigo é bem mais fácil do que a maioria das pessoas pensa. No meu caso, português foi sempre a minha pior matéria. Meu professor de português, o velho Sales, deve estar se revirando na cova. Ele que dizia que eu jamais seria lido por alguém. Portanto, se você sente que nunca poderá escrever, não desanime, eu sentia a mesma coisa na sua idade. Escrever bem pode ser um dom para poetas e literatos, mas a maioria de nós está apta para escrever um simples artigo, um resumo, uma redação tosca das próprias idéias, sem mexer com literatura nem com grandes emoções humanas. O segredo de um bom artigo não é talento, mas dedicação, persistência e manter-se ligado a algumas regras simples. Cada colunista tem os seus padrões. Eu vou detalhar alguns dos meus e espero que sejam úteis para você também. 1. Eu sempre escrevo tendo uma nítida imagem da pessoa para quem eu estou escrevendo. Na maioria dos meus artigos para a Veja, por exemplo, eu normalmente imagino alguém com 16 anos de idade ou um pai de família. Alguns escritores e jornalistas escrevem pensando nos seus chefes, outros escrevem pensando num outro colunista que querem superar, alguns escrevem sem pensar em alguém especificamente. A maioria escreve pensando em todo mundo, querendo explicar tudo a todos ao mesmo tempo, algo na minha opinião meio impossível. Ter uma imagem do leitor ajuda a lembrar que não dá para escrever para todos no mesmo artigo. Você vai ter que escolher o seu público alvo de cada vez, e escrever quantos artigos forem necessários para convencer todos os grupos. O mundo está emburrecendo porque a TV em massa e os grandes jornais não conseguem mais explicar quase nada, justamente porque escrevem para todo mundo ao mesmo tempo. E aí, nenhum das centenas de grupos que compõem a sociedade brasileira entende direito o que está acontecendo no país, ou o que está sendo proposto pelo articulista. Os poucos que entendem não saem plenamente ou suficientemente convencidos para mudar alguma coisa. 2. Há muitos escritores que escrevem para afagar os seus próprios egos e mostrar para o público quão inteligentes são. Se você for jovem, você é presa fácil para este estilo, porque todo jovem quer se incluir na sociedade. Mas não o faça pela erudição, que é sempre conhecimento de segunda mão. Escreva as suas experiências únicas, as suas pesquisas bem sucedidas, ou os erros que já cometeu. Querer se mostrar é sempre uma tentação, nem eu consigo resistir de vez em quando de citar um Rousseau ou Karl Marx. Mas, tendo uma nítida imagem para quem você está escrevendo, ajuda a manter o bom senso e a humildade. Querer se exibir nem fica bem. Resumindo, não caia nessa tentação, leitores odeiam ser chamados de burros. Leitores querem sair da leitura mais inteligentes do que antes, querem entender o que você quis dizer. Seu objetivo será deixar o seu leitor, no final da leitura, tão informado quanto você, pelo menos na questão apresentada. Portanto, o objetivo de um artigo é convencer alguém de uma nova idéia, não convencer alguém da sua inteligência. Isto, o leitor irá decidir por si, dependendo de quão convincente você for. 3. Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seria a frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino uma frase, processo que leva praticamente um mês. Ninguém tem coragem de cortar tudo o que tem de ser cortado numa única passada. Parece tudo tão perfeito, tudo tão essencial. Por isto, os cortes são feitos aos poucos. Depois tem a leitura para cuidar das vírgulas, do estilo, da concordância, das palavras repetidas e assim por diante. Para nós, pobres mortais, não dá para fazer tudo de uma vez só, como os literatos. Melhor partir para a especialização, fazendo uma tarefa BEM FEITA por vez. Pensando bem, meus artigos são mais esculpidos do que escritos. Quarenta vezes talvez seja desnecessário para quem for escrever numa revista menos abrangente. Vinte das minhas releituras são devido a Veja, com seu público heterogêneo onde não posso ofender ninguém. Por exemplo, escrevi um artigo "Em terra de cego quem tem um olho é rei". É uma análise sociológica do Brasil e tive de me preocupar com quem poderia se sentir ofendido com cada frase. O Presidente Lula, apesar do artigo não ter nada a ver com ele, poderia achar que é uma crítica pessoal? Ou um leitor achar que é uma indireta contra este governo? Devo então mudar o título ou quem lê o artigo inteiro percebe que o recado é totalmente outro? Este é o tipo de problema que eu tenho, e espero que um dia você tenha também. O meu primeiro rascunho é escrito quando tenho uma inspiração, que ocorre a qualquer momento lendo uma idéia num livro, uma frase boba no jornal ou uma declaração infeliz de um ministro. Às vezes, eu tenho um bom título e nada mais para começar. Inspiração significa que você tem um bom início, o meio e dois bons argumentos. O fechamento vem depois. Uma vez escrito o rascunho, ele fica de molho por algum tempo, uma semana, até um mês. O artigo tem de ficar de molho por algum tempo. Isso é muito importante. Escrever de véspera é escrever lixo na certa. Por isto, nossa imprensa vem piorando cada vez mais, e com a internet nem de véspera se escreve mais. Internet de conteúdo é uma ficção. A não ser que tenha sido escrito pelo próprio protagonista da notícia, não um intermediário. A segunda leitura só vem uma semana ou um mês depois e é sempre uma surpresa. Tem frases que nem você mais entende, tem parágrafos ridículos, mas que pelo jeito foi você mesmo que escreveu. Tem frases ditas com ódio, que soam exageradas e infantis, coisa de adolescente frustrado com o mundo. A única solução é sair apagando. O artigo vai melhorando aos poucos com cada releitura, com o acréscimo de novas idéias, ou melhores maneiras de descrever uma idéia já escrita. Estas soluções e melhorias vão aparecendo no carro, no cinema ou na casa de um amigo. Por isto, os artigos andam comigo no meu Palm Top, para estarem sempre à disposição. Normalmente, nas primeiras releituras tiro excessos de emoção. Para que taxar alguém de neoliberal, só para denegri-lo? Por que dar uma alfinetada extra? É abuso do seu poder, embora muitos colunistas fazem destas alfinetadas a sua razão de escrever. Vão existir neoliberais moderados entre os seus leitores e por que torná-los inimigos à toa? Vá com calma com suas afirmações preconceituosas, seu espaço não é uma tribuna de difamação. 4. Isto leva à regra mais importante de todas: você normalmente quer convencer alguém que tem uma convicção contrária à sua. Se você quer mudar o mundo você terá que começar convencendo os conservadores a mudar. Dezenas de jornalistas e colunistas desperdiçam as suas vidas e a de milhares de árvores, ao serem tão sectários e ideológicos que acabam sendo lidos somente pelos já convertidos. Não vão acabar nem mudando o bairro, somente semeando ódio e cizânia. Quando detecto a ideologia de um jornalista eu deixo de ler a sua coluna de imediato. Afinal, quero alguém imparcial noticiando os fatos, não o militante de um partido. Se for para ler ideologia, prefiro ir direto na fonte, seja Karl Marx ou Milton Friedman. Pelo menos, eles sabiam o que estavam escrevendo. É muito mais fácil escrever para a sua galera cativa, sabendo que você vai receber aplausos a cada "Fora Governo" e "Fora FMI". Mas resista à tentação, o mercado já está lotado deste tipo de escritor e jornalista. Economizaríamos milhares de árvores e tempo se graças a um artigo seu, o Governo ou o FMI mudassem de idéia. 5. Cada idéia tem de ser repetida duas ou mais vezes. Na primeira vez você explica de um jeito, na segunda você explica de outro. Muitas vezes, eu tento encaixar ainda uma terceira versão. Nem todo mundo entende na primeira investida, a maioria fica confusa. A segunda explicação é uma nova tentativa e serve de reforço e validação para quem já entendeu da primeira vez. Informação é redundância. Você tem que dar mais informação do que o estritamente necessário. Eu odeio aqueles mapas de sítio de amigo que se você errar uma indicação você estará perdido para sempre. Imagine uma instrução tipo: "se você passar o posto de gasolina, volte, porque você ultrapassou o nosso sítio". Ou seja, repeti acima uma idéia mais ou menos quatro vezes, e mesmo assim muita gente ainda não vai saber o que quer dizer "redundância" e muitos nunca vão seguir este conselho. Neste mesmo exemplo acima também misturei teoria e dois exemplos práticos. Teoria é que informação para ser transmitida precisa de alguma redundância, o posto de gasolina foi um exemplo. Não sei porque tanto intelectual teórico não consegue dar a nós, pobres mortais, um único exemplo do que ele está expondo. Eu me recuso a ler intelectual que só fica na teoria, suspeito sempre que ele vive numa redoma de vidro. 6. Se você quer convencer alguém de alguma coisa, o melhor é deixá-lo chegar à conclusão sozinho, em vez de você impor a sua. Se ele chegar à mesma conclusão, você terá um aliado. Se você apresentar a sua conclusão, terá um desconfiado. Então, o segredo é colocar os dados, formular a pergunta que o leitor deve responder, dar alguns argumentos importantes, e parar por aí. Se o leitor for esperto, ele fará o passo seguinte, chegará à terrível conclusão por si só, e se sentirá um gênio. Se você fizer todo o trabalho sozinho, o gênio será você, mas você não mudará o mundo, e perderá os aliados que quer ter. Num artigo sobre erros graves de um famoso Ministro, fiquei na dúvida se deveria sugerir que ele fosse preso e nos pagar pelo prejuízo de 20 bilhões que causou, uma acusação que poderia até gerar um processo na justiça por difamação. Por isto, deixei a última frase de fora. Mostrei o artigo a um amigo economista antes de publicá-lo, e qual não foi a minha surpresa quando ele disse indignado: "um ministro desses deveria ser preso". A última frase nem foi necessária. Portanto, não menospreze o seu leitor. Você não estará escrevendo para perfeitos idiotas e seus leitores vão achar seus artigos estimulantes. Vão achar que você os fez pensar. 7. O sétimo truque não é meu, aprendi num curso de redação. O professor exigia que escrevêssemos um texto de quatro páginas. Feita a tarefa, pedia que tudo fosse reescrito em duas páginas sem perder conteúdo. Parecia impossível, mas normalmente conseguíamos. Têm frases mais curtas, têm formas mais econômicas, tem muita lingüiça para retirar. Em dois meses aprendemos a ser mais concisos, diretos, e achar soluções mais curtas. Depois, éramos obrigados a reescrever tudo aquilo novamente em uma única página, agora sim perdendo parte do conteúdo. Protesto geral, toda frase era preciosa, não dava para tirar absolutamente nada. Mas isto nos obrigava a determinar o que de fato era essencial ao argumento, e o que não era. Graças a esse treino, a maioria das pessoas me acha extremamente inteligente, o que lamentavelmente não sou, fui um aluno médio a vida inteira. O que o pessoal se impressiona é com a quantidade de informação relevante que consigo colocar numa única página de artigo, e isto minha gente não é inteligência, é treino. Portanto, mãos à obra. Boa sorte e mudem o mundo com suas pesquisas e observações fundamentadas, não com seus preconceitos. Stephen Kanitz

JESUS É O CAMINHO A VERDADE E A VIDA


http://www.flogao.com.br/pjgyn/22590818 Evangelho (João 14,1-6) Sexta-Feira, 4 de Maio de 2012 4ª Semana da Páscoa — O Senhor esteja convosco. — Ele está no meio de nós. — Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João. — Glória a vós, Senhor. Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, 3e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4E para onde eu vou, vós conheceis o caminho”. 5Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. - Palavra da Salvação. - Glória a vós, Senhor. Celebrei a missa agora pela manhã, 7h, nesta primeira sexta-feira do mês, na capela São Francisco de Assis, no bairro Jd. Motorama. Refleti o seguinte: Jesus está na cena da última ceia e o Evangelista João narra Jesus acalmando o ânimo dos discípulos. O trecho do evangelho está inserido no contexto do capítulo 13 ao 17 do evangelho de João que narra Jesus o Bom Pastor. Jesus é caminho a verdade e a vida neste contexto do bom pastor que dá a sua vida pela vida das suas ovelhas. Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Jesus falava da casa do Pai e suas moradas. Prometia aos discípulos um lugar preparado no céu. Hoje muitas pessoas como Tomé, não enchergam o caminho que os conduz a verdadeira felicidade. Quando Jesus diz: "Em verdade vos digo" ele reproduz a fala dos profetas que falam a Palavra do Senhor. Que ele é o enviado do Pai, de Deus da verdade. Sigamos a Jesus que diz "Tendes fé em Deus, tende fé em mim também". Quer chegar ao Pai no céu, que nos garante a vida plena e a verdadeira felicidade? Procurai a Jesus. Ele é o caminho a verdade e a vida. Reaviva a fé. Não busque outros caminhos. Reaviva a fé, disposição, a coragem, a humildade e a oração. O texto do evangelista João mostra Jesus acalmando o ânimo dos apóstolos. Quando foi que Jesus veio para levar os apóstolos? Não pode ser no período das aparições após a sua morte de cruz. Jesus apareceu mas não levou nenhum discípulos.Jesus levou cada apóstolo na hora da morte dele. Também é na morte de cada um de nós que Jesus vem para nos levar para a eternidade. A morte é uma realidade na nossa vida. Atualmente por graça da medicina há pessoas vivendo até e um pouco mais de 100 anos. A juventude de hoje terá mais possibilidade de chegar aos 100 anos do que as pessoas de minha geração. Cuidando bem da saúde há quem chegue aos 90, 95 e 100 anos. Neste mundo podemos viver bastante mas nada irá preencher o nosso coração humano. Só Deus preenche o coração do homem.Ele é a razão do nosso viver. Quem acredita em Cristo deve haver uma preparação para o dia da morte. Se Jesus prepara para nós um lugar, então também devemos preparar nossa vida para um dia estarmos com ele no céu. Passamos o nosso tempo de jovens estudando par acumular conhecimentos e termos uma boa profissão. Depois vamos trabalhando e acumulando bens para comprar a nossa casa ou apartamento para um dia constituir uma família e cuidar da prole. Passado o tempo dos filhos pequenos e eles já crescidos observamos que podemos desfazer de muita coisa. A casa é muito grande para um casal. Se queremos nos mudar para um apartamento teremos que desfazer de muitas coisas pois o apartamento sempre é menor que uma casa. Uma senhora da paróquia que trabalho atualmente, este diante de uma situação difícil. A morte do marido levou a conclusão de que mais nada poderia ser feito a não ser mudar-se para perto do filho em Florianópolis. Fez bazar na sua casa e vendeu todos os seus pertences. Doou outros para a obra social de nossa paróquia. Assim desfazendo de tudo aqui, pode comprar novos móveis para sua nova residência em Florianópolis. Nossa vida exige saber o momento de desfazer-se de muita coisa. Repartir herança com os filhos que tem direito e há pessoas que deixam até pago o seu funeral para não dar trabalho para ninguém. Somos chamados ao desapego das coisas desse mundo para nos apegar no que é consistente, verídico e que mata a nossa sede de infinito: Deus.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Orígenes de Alexandria

Orígenes de Alexandria Orígenes de Alexandria QUA, 16 DE ABRIL DE 2008 01:08 PAPA BENTO XVI Nas nossas meditações sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, hoje conhecemos uma das mais relevantes. Orígenes de Alexandria é realmente uma das personalidades determinantes para todo o desenvolvimento do pensamento cristão. Ele recebe a herança de Clemente de Alexandria, sobre o qual meditámos na passada quarta-feira, e impele para o futuro de modo totalmente inovativo, imprimindo uma mudança irreversível ao desenvolvimento do pensamento cristão. Foi um "mestre" verdadeiro, e assim o recordavam com saudades e emoção os seus alunos: não só um brilhante teólogo, mas uma testemunha exemplar da doutrina que transmitia. "Ele ensinou", escreve Eusébio de Cesareia, seu biógrafo entusiasta, "que o comportamento deve corresponder exactamente às palavras e foi sobretudo por isso que, ajudado pela graça de Deus, induziu muitos a imitá-lo" (Hist. Eccl. 6, 3, 7). Toda a sua vida foi percorrida por um profundo anseio pelo martírio. Tinha dezassete anos quando, no décimo ano do imperador Setímio Severo, se desencadeou em Alexandria a perseguição contra os cristãos. Clemente, seu mestre, abandonou a cidade, e o pai de Orígenes, Leónidas, foi encarcerado. O seu filho bramava ardentemente pelo martírio, mas não pôde realizar este desejo. Então escreveu ao pai, exortando-o a não desistir do testemunho supremo da fé. E quando Leónidas foi decapitado, o pequeno Orígenes sentiu que devia acolher o exemplo da sua vida. Quarenta anos mais tarde, quando pregava em Cesareia, fez esta confissão: "Não me é útil ter tido um pai mártir, se não tenho um bom comportamento e não honro a nobreza da minha estirpe, isto é, o martírio de meu pai e o testemunho que o tornou ilustre em Cristo" (Hom. Ex. 4, 8). Numa homilia sucessiva quando, graças à extrema tolerância do imperador Filipe o Árabe, já parecia não haver a eventualidade de um testemunho cruento Orígenes exclama: "Se Deus me concedesse ser lavado no meu sangue, de modo a receber o segundo baptismo tendo aceite a morte por Cristo, afastar-me-ia deste mundo seguro... Mas são bem aventurados os que merecem estas coisas" (Hom. Iud. 7, 12). Estas expressões revelam toda a nostalgia de Orígenes pelo baptismo de sangue. E finalmente este anseio irresistível foi, pelo menos em parte, satisfeito. Em 250, durante a perseguição de Décio, Orígenes foi preso e torturado cruelmente. Debilitado pelos sofrimentos suportados, faleceu alguns anos mais tarde. Ainda não tinha setenta anos. Mencionámos aquela "mudança irreversível" que Orígenes imprimiu à história da teologia e do pensamento cristão. Mas em que consiste esta "mudança", esta novidade tão cheia de consequências? Ela corresponde substancialmente à fundação da teologia na explicação das Escrituras. Fazer teologia era para ele essencialmente explicar, compreender a Escritura; ou poderíamos dizer também que a sua teologia é a perfeita simbiose entre teologia e exegese. Na verdade, a sigla própria da doutrina ogigeniana parece residir precisamente no convite incessante a passar das palavras ao espírito das Escrituas, para progredir no conhecimento de Deus. E este chamado "alegorismo", escreveu von Balthasar, coincide precisamente "com o desenvolvimento do dogma cristão realizado pelo ensinamento dos doutores da Igreja", os quais de uma forma ou de outra receberam a "lição" de Orígenes. Assim a tradição e o magistério, fundamento e garantia da busca teológica, chegam a configurar-se como "Escritura em acto" (cf. Origene: il mondo, Cristo e la Chiesa, tr. it, Milão 1972, p. 43). Por isso, podemos afirmar que o núcleo central da imensa obra literária de Orígenes consiste na sua "tríplice leitura" da Bíblia. Mas antes de ilustrar esta "leitura" convém lançar um olhar de conjunto à produção literária do Alexandrino. São Jerónimo na sua Epístola 33 elenca os títulos de 320 livros e de 310 homilias de Orígenes. Infelizmente a maior parte desta obra perdeu-se, mas também o pouco que permaneceu faz dele o autor mais fecundo dos primeiros três séculos cristãos. O seu raio de interesses alarga-se da exegese ao dogma, à filosofia, à apologética, à ascética e à mística. É uma visão fundamental e global da vida cristã. O centro inspirador desta obra é, como mencionámos, a "tríplice leitura" das Escrituras desenvolvida por Orígenes ao longo da sua vida. Com esta expressão pretendemos aludir às três modalidades mais importantes entre si não sucessivas, aliás com mais frequência sobrepostas com as quais Orígenes se dedicou ao estudo das Escrituras. Em primeiro lugar ele leu a Bíblia com a intenção de verificar do melhor modo o seu texto e de oferecer a edição mais fidedigna. Este, por exemplo, é o primeiro passo: conhecer realmente o que está escrito e conhecer o que esta escritura pretendia intencional e inicialmente dizer. Fez um grande estudo com esta finalidade e redigiu uma edição da Bíblia com seis colunas paralelas, da esquerda para a direita, com o texto hebraico em caracteres hebraicos teve também contactos com os rabinos para compreender bem o texto original hebraico da Bíblia depois o texto hebraico transliterado em caracteres gregos e depois quatro traduções diversas em língua grega, que lhe permitiam comparar as diversas possibilidades de tradução. Isto originou o título de "Hexapla" ("seis colunas") atribuído a esta imane sinopse. Este é o primeiro ponto: conhecer exactamente o que está escrito, o texto como tal. Em segundo lugar Orígenes leu sistematicamente a Bíblia com os seus célebres Comentários. Eles reproduzem fielmente as explicações que o mestre oferecia durante a escola, tanto em Alexandria como em Cesareia. Orígenes procede quase versículo por versículo, em forma minuciosa, ampla e aprofundada, com notas de carácter filológico e doutrinal. Ele trabalha com grande rigor para conhecer bem o que queriam dizer os autores sagrados. Por fim, também antes da sua ordenação presbiteral, Orígenes dedicou-se muitíssimo à pregação da Bíblia, adaptando-se a um público muito variado. Contudo, sente-se também nas suas Homelias o mestre, totalmente dedicado à interpretação sistemática da perícope em exame, pouco a pouco fraccionada nos versículos seguintes. Também nas Homilias Orígenes aproveita todas as ocasiões para recordar as diversas dimensões do sentido da Sagrada Escritura, que ajudam ou expressam um caminho no crescimento da fé: há o sentido "literal", mas ele esconde profundidades que não se vêem num primeiro momento; a segunda dimensão é o sentido "moral": o que devemos fazer vivendo a palavra; e por fim, o sentido "espiritual", isto é, a unidade da Escritura, que em todo o seu desenvolvimento fala de Cristo. É o Espírito Santo que nos faz compreender o conteúdo cristológico e assim a unidade da Escritura na sua diversidade. Seria interessante mostrar isto. Tentei um pouco, no meu livro "Jesus de Nazaré", mostrar na situação de hoje estas numerosas dimensões da Palavra, da Sagrada Escritura, que primeiro deve ser respeitada precisamente no sentido histórico. Mas este sentido transcende-nos para Cristo, na luz do Espírito Santo, e mostra-nos o caminho, como viver. Isto é mencionado, por exemplo, na nona Homilia sobre os números, onde Orígenes compara a Escritura com as nozes: "Assim é a doutrina da Lei e dos Profetas na escola de Cristo", afirma o homileta; "amarga é a casca, que é como a letra; em segundo lugar, chegarás à semente, que é a doutrina moral; em terceiro encontrarás o sentido dos mistérios, do qual se alimentam as almas dos santos na vida presente e na futura" (Hom. Num. 9, 7). Sobretudo por este caminho Orígenes consegue promover eficazmente a "leitura cristã" do Antigo Testamento, contestando de maneira brilhante o desafio daqueles hereges sobretudo gnósticos e marcionitas que opunham entre si os dois Testamentos até rejeitar o Antigo. A este propósito, na mesma Homilia sobre os Números o Alexandrino afirma: "Eu não chamo à Lei "Antigo Testamento", se a compreendo no Espírito. A Lei torna-se um "Antigo Testamento" só para aqueles que a desejam compreender carnalmente", isto é, detendo-se no sentido literal. Mas "para nós, que a compreendemos e aplicamos no Espírito e no sentido do Evangelho, a Lei é sempre nova, e os dois Testamentos são para nós um novo Testamento, não por causa da data temporal, mas pela novidade do sentido... Ao contrário, para o pecador e para quantos não respeitam o pacto da caridade, também os Evangelhos envelhecem" (Hom. Num. 9, 4). Convido-vos e assim concluo a acolher no vosso coração o ensinamento deste grande mestre na fé. Ele recorda-nos com íntimo arrebatamento que, na leitura orante da Escritura e no compromisso coerente da vida, a Igreja renova-se e rejuvenesce sempre. A Palavra de Deus, que nunca envelhece, e nunca termina, é o meio privilegiado para esta finalidade. De facto, é a Palavra de Deus que, por obra do Espírito Santo, nos guia sempre de novo à verdade total (cf. Bento XVI, Aos participantes no Congresso Internacional no XL aniversário da Constituição dogmática "Dei Verbum", 16/9/2005). E rezemos ao Senhor para que nos dê hoje pensadores, teólogos, exegetas que encontrem esta multidimensão, esta actualidade permanente da Sagrada Escritura, a sua novidade para hoje. Rezemos para que o Senhor nos ajude a ler de modo orante a Sagrada Escritura, a alimentar-nos realmente do verdadeiro pão da vida, da sua Palavra. O Pensamento A catequese de quarta-feira passada foi dedicada à grande figura de Orígenes, doutor de Alexandria dos séculos II-III. Naquela catequese tomámos em consideração a vida e a produção literária do grande mestre de Alexandria, indicando na "tríplice leitura" da Bíblia, por ele conotada, o núcleo animador de toda a sua obra. Deixei de parte para os retomar hoje dois aspectos da doutrina origeniana, que considero entre os mais importantes e actuais: pretendo falar dos seus ensinamentos sobre a oração e sobre a Igreja. Na verdade Orígenes autor de um importante e sempre actual tratado Sobre a oração entrelaça constantemente a sua produção exegética e teológica com experiências e sugestões relativas à adoração. Não obstante toda a riqueza teológica de pensamento, nunca é um desenvolvimento meramente académico; está sempre fundado na experiência da oração, do contacto com Deus. De facto, na sua opinião, a compreensão das Escrituras exige, ainda mais do que o estudo, a intimidade com Cristo e a oração. Ele está convicto de que o caminho privilegiado para conhecer Deus seja o amor, e que não se verifica a autêntica scientia Christi sem se apaixonar por Ele. Na Carta a Gregório Orígenes recomenda: "Dedica-te à lectio das divinas Escrituras; aplica-te a isto com perseverança. Compromete-te na lectio com intenção de acreditar e de agradar a Deus. Se durante a lectio te encontrares diante de uma porta fechada, bate e abrir-te-á aquele guardião, do qual Jesus disse: "O guardião abri-la-á". Aplicando-te assim à lectio divina, procura com lealdade e confiança inabalável em Deus o sentido das Escrituras divinas, que nelas se encontra com grande amplitude. Mas não deves contentar-te com bater e procurar: para compreender as coisas de Deus é-te absolutamente necessária a oratio". Precisamente para nos exortar a ela o Salvador nos disse não só: "Procurai e encontrareis", e "Batei e servos-á aberta", mas acrescentou: "Pedi e recebereis" (Ep. Gr. 4). Sobressai imediatamente o "papel primordial" desempenhado por Orígenes na história da lectio divina. O Bispo Ambrósio de Milão que aprenderá a ler as Escrituras das obras de Orígenes introduzi-la-á depois no Ocidente, para a entregar a Agostinho e à tradição monástica sucessiva. Como já dissemos, o mais alto nível do conhecimento de Deus, segundo Orígenes, brota do amor. É assim também entre os homens: um só conhece realmente em profundidade o outro se tem amor, se se abrem os corações. Para demonstrar isto, ele baseia-se num significado dado por vezes ao verbo conhecer em hebraico, isto é, quando é utilizado para expressar o acto do amor humano: "Adão conheceu Eva, sua mulher. Ela concebeu..." (Gn 4, 1). Assim é sugerido que a união no amor origina o conhecimento mais autêntico. Assim como o homem e a mulher são "dois numa só carne", assim Deus e o crente se tornam "dois num mesmo espírito". Desta forma a oração do Alexandrino alcança os níveis mais elevados da mística, como é confirmado pelas suas Homilias sobre o Cântico dos Cânticos. Vem a propósito um trecho da primeira Homilia, onde Orígenes confessa. "Com frequência, disto Deus é minha testemunha senti que o Esposo se aproximava de mim no máximo grau; depois afastava-se improvisamente, e eu não pude encontrar o que procurava. De novo sinto o desejo da sua vinda, e por vezes ele volta, e quando me apareceu, quando o tenho entre as mãos, de novo me evita, e quando desaparece ponho-me de novo a procurá-lo..." (Hom. Cant. 1, 7). Volta à mente o que o meu venerado Predecessor escreveu, como autêntica testemunha, na Novo millennio ineunte, onde mostrava aos fiéis "como a oração pode progredir, como verdadeiro e próprio diálogo de amor, até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo Amado divino, vibrante ao toque do Espírito, filialmente abandonada ao coração do Pai... Trata-se prosseguia João Paulo II de um caminho totalmente apoiado pela graça, que contudo exige um forte compromisso espiritual e conhece também dolorosas purificações, mas que leva, de diversas formas possíveis, à indizível alegria vivida pelos místicos como "união esponsal"" (n. 33). Por fim, tratemos um ensinamento de Orígenes sobre a Igreja, e precisamente no interior dela sobre o sacerdócio comum dos fiéis. De facto, como o Alexandrino afirma na sua Homilia sobre o Levítico, "este discurso refere-se a todos nós" (Hom. Lev. 9, 1). Na mesma Homilia Orígenes referindo-se à proibição feita a Aarão, depois da morte dos seus dois filhos, de entrar na Sancta sanctorum "em qualquer tempo" (Lv 16, 2) assim admoesta os fiéis: "Por isto se demonstra que se alguém entrar em qualquer momento no santuário, sem a devida preparação, não revestido das vestes pontifícias, sem ter preparado as ofertas prescritas e tendo-se tornado Deus propício, morrerá... Este discurso refere-se a todos nós. De facto, ordena que saibamos como aceder ao altar de Deus. Ou não sabes que também a ti, isto é, a toda a Igreja de Deus e ao povo dos crentes, foi conferido o sacerdócio? Ouve como Pedro fala dos fiéis: "Raça eleita", diz, "real, sacerdotal, nação santa, povo adquirido por Deus". Portanto, tu tens o sacerdócio porque és "raça eleita", e por isso deves oferecer a Deus o sacrifício... Mas para que tu o possas oferecer dignamente, tens necessidade de vestes puras e distintas das dos outros homens comuns, e é-te necessário o fogo divino" (ibid.). Assim por um lado, com o "lado cingido" e as "vestes sacerdotais", isto é, a pureza e a honestidade da vida, por outro a "lanterna sempre acesa", isto é, a fé e a ciência das Escrituras, configuram-se como as condições indispensáveis para a prática do sacerdócio universal, que exige pureza e honestidade de vida, fé e ciência das Escrituras. Com razão estas condições são indispensáveis, evidentemente, para a prática do sacerdócio ministerial. Estas condições de íntegro comportamento de vida, mas sobretudo de acolhimento e de estudo da Palavra estabelecem uma verdadeira "hierarquia da santidade" no sacerdócio comum dos cristãos. No vértice deste caminho de perfeição Orígenes coloca o martírio. Sempre na nona Homilia sobre o Levítico alude ao "fogo para o holocausto", isto é, à fé e à ciência das Escrituras, que nunca se deve apagar no altar de quem exerce o sacerdócio. Depois acrescenta: "Mas cada um de nós tem em si" não só o fogo; tem "também o holocausto, e do seu holocausto acende o altar, para que arda sempre. Eu, se renuncio a tudo quanto possuo e tomo a minha cruz e sigo Cristo, ofereço o meu holocausto no altar de Deus; e se entregar o meu corpo para que arda, tendo a caridade, e obtiver a glória do martírio, ofereço o meu holocausto no altar de Deus" (Hom. Lev. 9, 9). Este inexaurível caminho de perfeição "refere-se a todos nós", sob a condição de que "o olhar do nosso coração" esteja voltado para a contemplação da Sabedoria e da Verdade, que é Jesus Cristo. Pregando sobre o discurso de Jesus de Nazaré quando "os olhos de toda a sinagoga estavam fixos nele" (cf. Lc 4, 16-30) parecia que Orígenes se dirigia precisamente a nós: "Também hoje, se o quiserdes, nesta assembleia os vossos olhos podem fixar o Salvador. De facto, quando dirigires o olhar mais profundo do coração para a contemplação da Sabedoria, da Verdade e do Filho único de Deus, então os teus olhos verão a Deus. Feliz assembleia, a que a Escritura afirma que os olhos de todos estavam fixos nele! Como desejaria que esta assembleia recebesse um testemunho semelhante, que os olhos de todos, dos não baptizados e dos fiéis, das mulheres, dos homens e das crianças, não os olhos do corpo, mas da alma, olhassem para Jesus!... Impressa sobre nós está a luz do teu rosto, Ó Senhor, ao qual pertencem a glória e o poder nos séculos dos séculos. Amém!" (Hom. Lc 32, 6). • Fonte: Vaticano

sábado, 24 de março de 2012

PEREGRINAÇÃO PARA FÁTIMA EM PORTUGAL



Eu Padre Rodolfo Muniz e a Paróquia Nossa Senhora da Soledade de São José dos Campos - SP, queremos através deste email apresentar nossa Peregrinação para Fátima em Portugal e Santuários Marianos na Europa. De 10 a 27 de maio de 2013.
Nossa viagem terá a duração de 18 dias. Iremos à Fátima, Coimbra, Belém, Lisboa, Cássia, Lisieux, Lanciano, Roma, Vaticano, Assis, Lourdes. Em Paris iremos à Torre Eiffel e como opção jantaremos no barco no Rio Sena. Abra o link abaixo e veja a programação completa e valores da viagem. A saída será de Guarulhos.
A Viagem está sendo organizada pela Marktur que conta com mais de 25 anos de experiência em viagens religiosas e se preocupa com todos os detalhes.
Com representação em: Belo Horizonte - MG Telefone: (31) 3324.7830 / Brasília - DF Telefone: (61) 3045.4939 / Florianópolis - SC Telefone: (48) 3251.8000 - Recife - PE Telefone: (81) 3033.4591 / Rio de Janeiro - RJ Telefone: (21) 3553.7763 / São Paulo - SP : Telefone (11) 3111.1800

Informações pelo telefone 0xx12-3929-2081 ou 0xx12 - 3912-9114 -secretaria da paróquia

Missa e Orientaçõe para Peregrinos na próxima Terça-feira dia 27 de março as 19h30 - Rua Uruguai 291

Veja o link:
http://www.nossasenhoradasoledade.org.br/conteudos.php?act=ler&id=797
Obrigado pela atenção
Padre Rodolfo Muniz Leal
Diocese de São José dos Campos SP -



http://f.i.bol.com.br/2012/01/02/12mai2011---imagem-de-nossa-senhora-de-fatima-e-carregada-em-homenagem-organizada-no-santuario-de-fatima-em-portugal-milhares-de-peregrinos-vao-ate-o-local-todo-ano-para-celebrar-o-aniversario-da-1325523772075_956x500.jpg